Balada Bêbada
Cruzei o caminho do dragão.
Porque sonhei ser caçador e não a caça.
Na arena do leão pulei para fazer graça.
Enfrentei um touro a unha... Que desgraça.
Deixei de ser vegetariano; ele virou bife e carcaça.
Sem querer entrei na dança e errei todos os passos.
Virei galhofa das crianças e os adultos riram sorrateiros
escondidos atrás de suas vidraças.
Não tem problema, se a chuva me queimar, nem ligo.
Logo secam as feridas, tudo passa.
Tantos tropeços, tantos tombos,
enrijeceram minha couraça.
Nunca temi colocar a mão na massa.
Fiz minha parte, tu que a tua faça.
Deu-me sono. Vou dormir.
Esvaziei outra garrafa.
Não me segure, não vou cair.
A calçada me ampara e hoje não me escapa.
Estou infeliz, a mulher que amo não me quis.
Foi embora, esvaiu-se na fumaça.
Garçom, traz a saideira e beba comigo uma taça.
Não estou bêbado, se não servir faço arruaça.
Não me mande embora, não me empurre para fora.
Como está frio agora...
Deus me ajude, me encoste neste poste...
Fale baixo, logo abaixo,
um guarda vigia a praça...
- Roberto Coradini {bp} 17/05/2009