SOMBRAS

Sem ser convidada e caprichosa

Ela chegou devagar dissimulada

Levou consigo sua luz e o prazer

Os detalhes de rostos e risadas

Perdidas foram as bonitas cantigas

Entoadas por lábios agora selados

Cobertas de breu cores amigas

Perdeu-as na memória do passado

Agora tateia em seu mundo escuro

Povoado de pisadas e de rumores

Neste abismo sem cor há o muro

A trincheira sem vida sem escolha

Queria desfazer sombras e juntar pedaços

Das imagens guardadas entre as trevas

Restaram somente esboços e os traços

Meros retalhos que o passar do tempo leva.

MCC Pazzola

28/08/1997

(Para Sebastiana Ferreira de Carvalho, minha mãe)