NADA MAIS QUE ISTO

Queria transcrever em minha poesia,

da árvore, apenas as folhas que caem

e mansamente se perdem no solo;

nada, nada mais que isto.

Queria em minha poesia,

da chuva, apenas deixar uma gotícula

que o passar do tempo evapora facilmente;

nada, nada mais que isto.

Queria que minha poesia falasse da noite,

mas apenas do orvalho que a madrugada traz;

nada, nada mais que isto.

Queria que minha poesia transcrevesse o oceano,

mas apenas cativasse um grão de areia;

nada, nada mais que isto.

Queria ter em minha poesia luz,

não a do sol, mas apenas um raio pequeno de claridade;

nada, nada mais que isto.

Queria que minha poesia

sorrisse, sonhasse e levasse conforto a quem precisa;

apenas isto, nada mais que isto.

Queria que seus olhos ficassem sempre pousados,

fixos em minha poesia, procurando o por quê,

a causa de tantas nênias;

nada, nada mais que isto.

Sim, como eu queria, que por você,

me transformasse em poeta, em vários temas;

para deste nada, retocar um tudo

em minhas poesias, em meus poemas.