Foto/Waldete Cestari
SOLIDÃO
Devo ter envelhecido
Percebo pelas lembranças
São tantas!
As flores continuam as mesmas,
As ruas as mesmas
Eu mudei!
Os meninos estão nas ruas
Pipas coloridas no ar
Deve ser agosto
Sinto pelo ar espremido
Que me chega à garganta.
Parece que preciso de mais tempo
Há algo por fazer
Talvez lavar as calçadas
Abrir gavetas
Limpar a poeira dos livros
Ou da vida?
Não sei em que tempo estou
Tudo parece distante.
A mocidade
A família
Os amigos
O amor
Onde estão?
Um dia, já faz tempo,
Falaram de solidão
Dias brancos
O silêncio dolorido
Os ouvidos quietos
A boca sem palavras
A casa vazia
Só a alma navegando...
É isso meu Deus,
Estou só!
(editado na coletânea do Mapa Cultural Paulista 1999)