Prisioneiro
Já perdi a noção do tempo;
já perdi as esperanças de fuga.
Há muito tempo que sou prisioneiro
e aguardo a sentença final.
Estou preso no alto de um
escuro e sombrio castelo,
com corredores do horror
onde milhares de homens
gritam em desespero e em meio à dor!
Há muito que sofro calado,
pois ninguém pode me ouvir
senão meus colegas de sofrimento
(que nem sequer conheço...)
Olho através da pequena janela
e só o que vejo é o 'nada'.
Aliás, meu único companheiro...
Árvore nenhuma cresce aqui,
nem aves voam por esse céu...
apenas ratos, que incansavelmente
roem minha cama à noite...
Aqui não temos notícias de nada,
e não nos relacionamos com ninguém.
Aliás, não conheço nem a mim mesmo,
já que nasci e sempre vivi aqui
e jamais vi meu próprio rosto!
Todas as palavras que conheço
aprendi com um velho prisioneiro
que dividia a cela comigo
e que já não está mais entre nós...
Às vezes acho que sou um sonhador,
pois penso em um dia sair daqui.
Mas tenho medo do mundo exterior,
e de não ser aceito pelas pessoas...
A vida, para mim, é neutra
e se resume a essas quatro paredes
que frequentemente se estremecem
com gritos solitários e sem sentido.
Não sei porque estou aqui
pois nunca fiz nada de errado
(já que nasci e cresci nesse lugar!)
Aqui nunca se está totalmente acordado.
Pelo contrário: os pensamentos
são constantemente interrompidos
por pesadelos do subconsciente.
Às vezes, alguém se suicida
para não ter o pescoço decepado
por aquele que de vez em quando
aparece e diz: - "é a sua vez"!
Enquanto isso, eu só posso esperar
e aceitar a minha sentença
que pode ser hoje, amanhã, ou depois...
Vivendo com essa incerteza
não percebo os dias passarem
e..., parece que vem alguém.
Ele chega, vestido de preto
e diz: - Ei, é a sua vez!
De repente, não me surpreendo.
Eu sabia que iria acontecer,
só não sabia que seria hoje...
jony marcos martins, 13/09/2002