TEMPO NOSTÁLGICO
A chuva desceu molhando meus cabelos,
friamente inundando meu corpo.
Caminhei lentamente sobre as poças d’água,
passando pelos mendigos que passavam,
pobremente cobertos.
Que angústia morou em mim!
Gente calada pelo frio,
sufocada pela água que descia,
se projetavam contra os reflexos das poças,
num embaralhado, confuso e nostálgico.
Senti em cada olhar um apelo, um grito,
um desejo imenso;
mas, de quê, para quem?
Ah, são tantas as aflições,
as agruras que a vida transporta,
que toda aquela chuva que pendia,
parecia ser uma benção fria,
pois apenas eu senti e lamentei o frio.
Apenas eu, egoisticamente, calei-me ao pranto da natureza.