ENTRE PAREDES

Passa o tempo;

em minhas noites frias,

na penumbra deste quarto companheiro,

revolvo papéis velhos...

restos de mim mesmo.

Neste silêncio, as vezes profanado

pelo zumbido de algum inseto,

vejo-me entregue a coisas passadas

que desfilam paulatinamente,

quase confusas em minha mente.

Sim, noto,

entrego-me as imagens que refletem;

são reflexos de anúncios luminosos,

burburinho de gente passando

e uma lágrima escorregando,

mansamente descendo pelo meu rosto.

Ah, quarto vazio,

não me entedio,

sinto em suas paredes frias,

a presença dela,

aquela que veio e ficou presa,

retida em mim, em meu quarto companheiro.