QUE NÃO SE PERCAM MINHAS PALAVRAS

Quem canta, já não sabe porque o faz,

se sorri não sente;

o ser se fez perdulário,

nada existe.

O homem vagueia, a busca é total,

o triste é mais triste.

Quem fala, não diz nada,

as palavras se perdem num imenso vazio.

Quem chora, não vê, não sente o borbulhar das lágrimas,

mas estão findas.

Quem ama sim, mas quem ama

neste cruel mundo de fantasias?

Onde, Deus, hei de encontrar a palavra,

o grito, o ser que há de me escutar?

Ah, quisera saber se existe alguém,

a quem eu diga “te amo”

e colher um sorriso, um cântico,

uma palavra que desabrochasse com uma lágrima.

Recolho em você meu apelo desvairado;

me sorria, fale daquela flor

que não falei,

derrame seu pranto quente contra meu rosto.

Venha, grite, também “te amo”

e esqueça aqueles que flutuam,

e eu a farei calada pelo beijo,

e pelo louco desejo de sentir-me amado,

e de ser gente!