UM MINUTO DE LUZ
Da janela escura da vida,
vi timidamente passar uma menina.
Timidamente ela portava uma flor.
Nos olhos trazia refletido,
o rútilo de uma estrela.
Parei lentamente, ao vê-la,
de transcrever meu poema “SER SÓ”.
Fitei seu olhar refulgente,
ela... fitou-me longamente.
Nasceu ali nosso primeiro beijo,
foi rápido, um só segundo;
senti parar o mundo.
A flor, mansamente deitou aos meus pés.
Mansamente afaguei a menina.
Ela não tinha nome.
Nome, eu também não tinha.
Transportei meu corpo ao dela,
com fulgor, ela também foi minha.
Mas, o silêncio veio e resgatou
o som, junto à janela.
Da janela escura da vida,
vislumbrei a menina que veio e passou,
deixando-me irremediavelmente só.