PROMESSAS EQUINAS

Sobre a ravina

Eu cavalgo para o nunca

Sou um exilado da solidão

Sinto o vento frio

Correr-me como uma ressaca

Sinto minha crina

Dobrar-se como uma bandeira

Cavalgo sem destino

Agora vejo você

Apontando-me o horizonte

Sinto dor

Em meu coração quebrado

Sinto a crina esvoaçar

Roçar-me as costas nuas

Hoje eu sou

O senhor dos rascunhos

Eu sou um companheiro

Perdido e sem compromisso

Sinto o rancor dos gritos

Preenchendo-me as veias

Sinto-me os cascos doloridos

Tocando a areia da praia

Cavalgo sem destino,

Vejo o sol

Descendo até o horizonte

Sinto o cheiro salgado

De mil mares a minha frente

Sinto em meu boleto

A água me molhar

Ajoelhado em uma relva

Sou mais um solitário

Que apenas vegeta em vez de viver

Sinto as formigas carícias

Raivosas e intrigantes

Sinto a brisa leve

Soprar-me os cabelos

Cada dia

Torno-me uma tortura

Cada dia

Torno-me um rancor e loucura

Não me sinto

Como antes era normal

Não me sinto

Como um homem adulto

Agora eu apenas sou

Um centauro doente

Agora eu apenas sou

Uma chama que quase se apaga

Sinto uma solidão

Vazia neste mundo

Sinto apenas

A solidão lendária dos corações despedaçados

Revitalizo-me

Em promessas eqüinas

Cauterizo-me

As dores como fogo

Sinto você

Condenar-me para sempre

Sinto você

Convencer-me da derrota