Devaneio

Encontrei-me num delírio,

recostado ao seu seio desnudo.

Vozes absortas perscrutavam meu ser,

enquanto eu naufragava

em êxtase no infinito.

Foram longos os minutos,

as horas que pareciam eternas.

Depois, um vendaval de frustrações;

eu me vi só,

minha alcova vazia,

minh’alma suplicante.

Eu desejava tê-la eternamente.

Veio o sussurro dos ventos,

ruído de trovões,

chuva que descia.

Infinitamente só,

desejei ser alguém.

Rolei minha dor pelo peito,

vendo que eu não era ninguém.