O RAIO DE LUZ
O RAIO DE LUZ
Paulo Gondim
09/04/2009
Dedos ágeis num teclado frio
Arma secreta de mil faces
Fresta sinistra, estreita
Que filtra a luz na palidez do dia
Sem o brilho de um gesto de alegria
Dedos que se perdem entre letras e teclas
Num universo que se abre à frente
Dedos que se agitam
Como almas que gritam
Em fuga da solidão
E olho longamente esse teclado branco
E em cada letra um eco, um aviso
Um chamado, um falso sorriso
E me recolho ao meu claustro
E pela fresta estreita, o raio de luz
Mesmo pálido, não se intimida
Insiste e desafia o invisível
E me olha de longe
Os dedos se movem sem rumo
Deslizam pelo teclado e fazem sombra
Nem vejo o que escrevo
Só vejo aquele raio de luz pálido
Pela fresta que aos poucos se fecha