flor de cáctus

Minha flor de cáctus

Nascida entre os espinhos

Mediante a agrura do calor escaldente

Dos raios de sol farpados de luz.

Tanto inferno de cinzas e ressentimentos

Tanto banimento e sombra

Tanto medo e desconhecimento.

E tudo que esperavas era apenas água.

Tantas almas vivendo na réstia dos dias

Na solidão das palavras cruas

Nos segredos de portas e gavetas trancadas

Tanta dor e esperança escoadas

no ralo interno da vida...

perdidas no abismo insano e inexplicável.

Minha flor de cáctus

Bromélia debochada diante da chuva

E, no calvário do árido

Guarda em sigilo uma fonte hídrica,

Um socorro secreto na hora de redenção.

De onde vem sua força?

De onde vem sua onipotência ?

Mandacaru urbano e insólito

posado tosco nos trilhos do caminho

Visgado pelo tempo e remorso.

Sobreviver é preciso.

Lágrimas da chuva de ontem

Regaram a esperança de hoje

Minha flor de cáctus

Eu sou seu espinho mais próximo e

mais tímido...

Estúpido em querer lhe proteger...

Enquanto que é a sua beleza que

que me defende da iniquidade do mundo.

As farpas solares abandonam o dia

Anoitece e misteriosamente a flor de cáctus

Faz dormir toda uma primavera

nascida entre pedras.

Esculpida delicadamente

nas larvas quente das paixões.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/04/2009
Reeditado em 22/02/2010
Código do texto: T1522062
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