SABOR A SUÍCIDIO

Perco-me

numa floresta falsa

que esconde por de baixo da folhagem

o vigor de um pântano de dores sem alma.

Há sabor a suicídio

no paladar dos meus sentidos,

soluçando o meu corpo nessa direcção

que me afasta dessa falésia numa reflexão.

Minhas mãos

cadavéricas florescem

na podridão de um chão suspenso,

em incertezas na planície da vida por viver.

Choro a agonia

de uma melodia fúnebre

por uma passadeira abismal de rosas mortas,

ouvindo o assombro de um grito das minhas fés.

Uma onda de choque

percorre o meu corpo apoquentado

por vultos em volta de uma fogueira,

ateada por ansiedade na gula do desejo

e sou fintado por lamúria que suja o meu sorriso.

Atiro meus olhos

num olhar melancólico,

pela extensão sabia da minha memória

para trás do tempo através dos espinhos afiados

por arrependimento que turvam a visão da inocência.

O meu fôlego

é o eco de uma caverna,

escavada pelas lágrimas onde jaz

sem paz o meu sentir e esperança sepultados

na sombra do fogo do inferno onde pouso os meus arrepios.