VIDA DE POEMA

Aqui estou na madrugada,

implexo, em busca de flores.

Eu queria ouvir o cântico do pássaro.

Queria ter sonhos, amores.

Ah, se eu não fosse tão só,

se não sentisse o opróbrio daquela estrela

que não cintila para mim.

Ah, também se a lua não se escondesse,

quando eu tentasse vê-la;

eu não seria confuso na madrugada.

Eu teria o amor daquela menina,

teria a vida nos lábios.

Ela seria ampla e azul no meu sorriso.

Eu teria o mundo nos olhos;

ele seria puro e brilhante,

e ficaria refletido no universo.

Então eu não seria só, deixaria de ser poeta.

Aí eu teria uma musa, uma companheira,

e minha vida, por si, seria um poema, um verso.