Solidão
Saber, quando estás rodeado de pessoas
que fingem não saber ou, ao contrário,
dizem saber e se auto-enganam,
que esgrimem pensamentos imutáveis,
é uma forma segura de ficar
isolado nas alturas da sapiência.
É tão triste não poder compartilhar
coisas boas que, de plano rejeitadas,
poderiam ser vertentes de um futuro
infinitamente melhor do que o presente,
de mera e banal sobrevivência!
De repente, no silêncio da penumbra,
uma seca sensação de solidão
invadiu-me, e deixou-me sem amigos,
sem elos para ouvirem minhas preces
propugnando um futuro diferente,
contristando assim meu coração.
Não sou mais do que ninguém,
mas por “saber”,
encontro-me situado numa altura
que faz possível enxergar além...
e que, nesta posição segura,
permitir-me-á gerar prazer
nos éons de existência futura.
Prazer pra mim, e meus simbiontes:
você, eles, nós e todos
aqueles que beber quiserem
da mesma fonte de sabedoria
de que eu tive a chance de beber:
é a fonte inesgotável de sapiência
que se encontra no profundo do teu ser.
Daniel Panno
Palmares, Abril de 2004