Sem hora
Sem hora pra acordar
Durmo tarde, encolhida
Sem hora pra dormir
Acordo cedo, esquecida.
Sem hora pra comer
Simplesmente não o faço
Sem hora pra sorrir
Simplesmente o desfaço.
Sem hora para ver
Fecho os olhos assustada
Sem hora para ouvir
Tampo os ouvidos, amedrontada
Sem hora para amar
Amo o desconhecido
Sem hora para falar
Deixo o acaso fazer comigo
Sem hora pra gritar
Grito mesmo assim
Sem hora para ser amada
Fico sozinha, sem casa nem jardim.
Sem hora pra viver
Simplesmente faço dela
Em pedaços.
E com meu sapatinho
Vou andando
Sem hora, nem espaço.