LA SOLITUDINE
Mais uma vez
A solitude bate à minha porta
Numa de suas visitas costumeiras
Já não me surpreende
Como dantes
Eu abro - ficar sozinho é muito ruim -
Convido-a a entrar
- Sinta-se em sua casa.
Conversamos no silêncio
Eu, taciturno, obscuro
Meu coração aperta
Em presença tão sublime
Aí, então, sinto um tédio enorme da vida!
Mas ela me [des]consola
É o meu amparo
O meu porto-seguro
O meu refúgio e a minha morada
A quem tenho mais, senão a ela?
Quem mais está comigo constantemente?
No pranto/ no riso...
Nos dias de aniversário, sem bolinhos e balõezinhos
Sem comemorações...
Quem caminha comigo sob a chuva
Triste na cidade?
Chuva chorona e angustiada...
A solitude é tudo que tenho
Nunca me abandona
Mesmo na horas de silêncio e lamúrio
Por que, então, eu a rechaçaria
Se é ela o mais precioso que tenho?
Então, eu ando tão triste!
Eu vivo tão triste
Eu morro, eu mofo...
...tão triste...
Eu choro tão triste
E então, ela me acompanha
Triste, só pra me confortar
Vejam só!
Há amigo mais solidário?
Ela está sempre lá, braços abertos
Como nem Cristo...
Me acolhe em seus braços
E me pergutna:
Você está bem?
E, tão preocupada, ao ouvir a resposta negativa
Já se acalma e se recompõe.
-Graças a Deus!
Sossegada ela está...
E quando tenho aquelas ganas
De passear ao Meio-dia
Quando a mortandade assola
E quando penso em passear, sozinho
Pelo vale da sombra da morte
Ela me recrimina
- Nada disso! Não pense uma cousa dessas!
Sem mim, nunca!
E me alegra tanto que ela seja tão solidária
A ponto de querer estar comigo
Até nos caminhos tenebrosos da vida
Há melhor amiga qu essa?
Por isso, digo:
Se você está só
Não tem ninguém por você
Eis a Soledade tão solidária
Faça dela sua amiga!