DIAS VÃOS

Há dias de largo sono

De quase morte lenta

De um total abandono

Um vazio que violenta.

Mórbida vida, tão só!

Cercada por multidões

De mim, morrendo de dó,

E eu só, com meus botões.

Tardes hospitalizadas

Nas vãs CTIs do tempo

Noites se indo acordadas

Dias morrendo sedentos.

Alcovas vazias, fúteis,

Silenciadas de gemidos

Imensas horas inúteis

Desejos não concebidos.

Seios virtuais no teto

Passeiam intumescidos

Um olho abre discreto

E vê os corpos despidos.

Vagam noites, vão dias,

E a insônia se aldrava

Em tom de melancolia

O ponteiro nas seis crava.

Como é mortal o vazio

Se de nada é preenchido

Como é letal esse cio

Morrendo pela libido.

Desperdícios deploráveis

Por falta de companhias

Momentos tão agradáveis

Mortos todos os dias...

Essa ausência absurda

Que mata silêncios mudos

À noite faz-se de surda

De dia clama por tudo.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 12/02/2009
Reeditado em 12/02/2009
Código do texto: T1435940