A QUE IMPORTA?
Já não me importa
a porta aberta
se a liberdade
me é incerta.
Se do lado de fora
meu viver se nega
muita luz me cega
e não me atrai a aurora.
A que importa
a porta se abrir?
se ao meu sair
nada me conforta.
Toda essência é morta
e difícil é a vida
porque além da porta
não há outra saída.
Importa, dentro ou fora
igual viver aflito
se não ouve o grito
que solto a toda hora?
Importa se a porta cai
se ela, doutro lado
vive em meu passado
e além da porta vai?
Importa a que e a quem
a porta se abrir
e por ela eu sair
daí, não ir além?
Ela, que a porta abriu
e livre quiz me ver
sabe que ao me deter
presa também se viu.