Spleen total

Me sinto feito um páramo

perdido num imenso e doloroso spleen

de tudo que me rodeia num satírico carme.

Dos mais variados e difíceis vocábulo

formado por um dicionário perspicaz

para sabedoria inata dos pensamentos

estrangulado pelo ciclo repetido da vida

estagnada no ponto do nada.

Corro do ponto indefinido e chego

em outra rota sem ponto, onde não

se ver o que de fato é para se ver.

Perco-me então no sutil tédio de tudo

que surtado me aparece e tudo que

é fraqueza me persegue.

A resignação corroe e deixa-me

no úmido desejo de correr novamente

fugindo dos pensamentos e dos sentimentos

ocasionais do destino insensato.

Mas a todo momento o trem desesperado

que percorre a viela escura dos meus sentimentos

encarcerados pelos surtos de melancolia

proveniente de outros caminhos que

percorri longe de mim é puro tormento.

E o destino a todo instante ao meu lado

coloca-me frente a frente com obstáculos

e esses obstáculos de provas põem em jogo

o que de fato nunca quis, nem mim interessei

que é a manifestações dos pensamentos ditosos.

Hoje o que me leva a orgulhar dos loucos

suicidas é o fato deles não permitirem que

o tédio se aloje nos seus corpos fracos

incapazes de aguentar uma gota do spleen

moderno desaforado. Mas o fato que

mais me orgulha é o de terem coragem

para o suicídio e eu não.

Jânio Lima
Enviado por Jânio Lima em 09/02/2009
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T1430365
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