Spleen total
Me sinto feito um páramo
perdido num imenso e doloroso spleen
de tudo que me rodeia num satírico carme.
Dos mais variados e difíceis vocábulo
formado por um dicionário perspicaz
para sabedoria inata dos pensamentos
estrangulado pelo ciclo repetido da vida
estagnada no ponto do nada.
Corro do ponto indefinido e chego
em outra rota sem ponto, onde não
se ver o que de fato é para se ver.
Perco-me então no sutil tédio de tudo
que surtado me aparece e tudo que
é fraqueza me persegue.
A resignação corroe e deixa-me
no úmido desejo de correr novamente
fugindo dos pensamentos e dos sentimentos
ocasionais do destino insensato.
Mas a todo momento o trem desesperado
que percorre a viela escura dos meus sentimentos
encarcerados pelos surtos de melancolia
proveniente de outros caminhos que
percorri longe de mim é puro tormento.
E o destino a todo instante ao meu lado
coloca-me frente a frente com obstáculos
e esses obstáculos de provas põem em jogo
o que de fato nunca quis, nem mim interessei
que é a manifestações dos pensamentos ditosos.
Hoje o que me leva a orgulhar dos loucos
suicidas é o fato deles não permitirem que
o tédio se aloje nos seus corpos fracos
incapazes de aguentar uma gota do spleen
moderno desaforado. Mas o fato que
mais me orgulha é o de terem coragem
para o suicídio e eu não.