O Espelho da Alma
O Espelho da Alma
Após uma noite insone
Olhei-me no espelho
O que vi causou-me espanto
Pois a face refletida
Era de uma estranha,
De olhar opaco...
Sorri e de volta recebi um esgar
Estremeci...
Senti o mundo girar!
O fantasma aprisionado
No reflexo que exibia
Era uma entre tantas faces
Flutuando no tempo e no espaço
Nenhuma era o meu retrato...
Quão triste espetáculo esse!
Parecia picadeiro de circo
Onde os palhaços se escondem
Atrás de pinturas grotescas...
A vaidade existente fugiu lépida
O sangue gelou nas veias
E na boca o gosto de fel...
O vento fustigava lá fora
E junto com a folha que tombava
Meu corpo também o fez...
Nas entrelinhas das rimas inexistentes
Fulgura indelével imagem
Encarcerada, sem direito a indulto...
No espelho que os atos da vida
Fez do amor à contra gosto
Virar paixão e no instante final
Prender-se a indiferença total.