efêmera

E a pedra se tornou vento

E o vento desfez a trilha

Haverá caminhos entre memórias

registradas no fundo da alma ?

E a pedra em pó se desfez

E se espalhou no mundo em silêncio

no ritual dos desertos

no sopé das montanhas

nos lagos encharcados

E na miragem dos sedentos

E na gana dos famintos

E na lágrima dos indiferentes

Haverá vestígios de tudo aquilo

que existiu,

que sobreviveu ao tempo,

a estória

e, sobretudo as reticências cruéis

da linguagem criptografada de

seus confusos sentimentos

sua mão bêbada a tatear o provável.

algoritmos agonizam uma gnose qualquer,

fórmulas tramam a solução de uma equação

desequilibrada

entre as igualdades perecíveis

e imaginárias

meus dedos meticulosamente

todos diferentes,

minhas pernas

ambas diferentes e,

ainda, estão em par....

a andar pelo mundo

meus olhos

que olham

a mesma imagem

que se iludem

com a mesma miragem

e, sonham ao dormir

com aquilo que jamais verá

tanta diferença e os paradoxos

esculpem arestas microscópicas

a contornar,

a contar,

a escorrer pelo dia de chuva

chuva plena,

chuva de verão

intensa,

forte e efêmera.

E a pedra se tornou vento

E a montanha que há em mim

simplesmente se ergue.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/02/2009
Código do texto: T1426078
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