EU FAÇO VERSOS

EU FAÇO VERSOS

Sônia Sobreira

Eu faço versos pelas noites misteriosas,

quando o luar prateia a linha do horizonte,

olhando os lirios e o florir das belas rosas,

ou escutando o marulhar de alguma fonte.

Nas horas calmas quando rezo a ladainha,

a contemplar o céu faiscante de centelhas,

são momentos que me encontram tão sozinha

e a chorar empano o brilho das estrelas.

Eu faço versos ao ouvir o rouxinol,

cantar alegre nos canteiros do jardim,

no refulgir do extasiante por do sol,

ou lendo uma carta endereçada para mim.

Na escuridão das mais silentes madrugadas,

ou no furor dos mais terriveis vendavais,

quando o arrebol clareia as trilhas das estradas,

ou no silêncio das imensas catedrais.

Eu faço versos nos momentos de incerteza,

quando sozinha enfrento os meus tristes reversos,

sem ter alguém que me console na tristeza,

ainda assim, mesmo chorando, eu faço versos!