Poetando
POETANDO
Um riacho que canta sua dor
Rolando entre pedregulhos mil
Parece uma viola que chora
Com notas arrancadas a esmo
Onde uma lágrima perolada
Paira solene na tez melancólica...
Formando uma manifestação simbólica
As águas serpenteiam dolentes
Solfejando no coração dilacerado
O adeus tristonho, sem volta
Que numa embarcação sem destino
Naufragou sem olhar para trás...
Foram sorrisos que se apagaram
Pensamentos que perderam o rumo
Felicidade que escarneceu do tempo
Liberdade que se tornou prisão
Momentos que viraram eternidade
E plenitude que se tornou vazio...
Poetando, poetando sem rimar
O coração violado pelo dissabor
Não saberá, por certo, responder
Se foi a paixão que esvaneceu
Ou se nas voltas da vida, sem perceber
O amor que existiu... desencantou.
NORMA BÁRBARA