HORAS MORTAS

Ah - que amplidão vazia!

Nada vivendo existe;

Tudo estático e triste

Sequer uma ave pia.

A nuvem cinza franjada

Que ora no horizonte dorme

Desbota todo o uniforme

Que veste a aura dourada.

Não há pisares de saltos

Nem gargalhadas agudas

Só há paredes mudas

E a fosca tez do asfalto.

Algumas folhas outonais

Pelo chão, adormecidas,

A faixa ocre estendida

Na avenida e nada mais...

A morte paira escondida

Matando a vastidão vaga,

Da paineira que se alarga

A sombra pára esquecida.

O vento assovia mudo

Até o farfalhar se cala

Nas notas briosas da escala

O canto aninha-se mudo.

Pelas sacadas, nenhum riso...

Nenhuma cortina descerra;

Parece até que na Terra

Viver não é mais preciso.

De tudo a vida partiu

Sequer uma alma há vagando

Nem o meu ego negando

Que sou eu este vazio.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 16/01/2009
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