Espelho d'alma
Nada de novo.
Nada demais
Nem de menos.
Ah, dias iguais
Sempre insípidos, amenos.
Onde estarão
Os dias quentes de paixão
As megadecepções
As grandes ilusões
Em meu coração ardidos?
Onde estarão
As primaveras floridas
Os verões tórridos
E os ásperos invernos
Em minh’alma outonada?
Onde estarão
Os doces sonhos juvenis
As grandes batalhas que travei
As ácidas críticas que sempre fiz
E que habitavam meu peito abrasado?
Onde estarei?
Quem serei: a foto antiga
Ou aquele do espelho?
Serei eu um velho jovem
Ou um jovem velho?
Ah, dúvidas!
Ah, incertezas!
Inebriais-me mais que o doce vinho
Que a generosa uva me dá.
Pena, dolorosa pena esta
... o efeito do vinho... passa.