Espelho d'alma

Nada de novo.

Nada demais

Nem de menos.

Ah, dias iguais

Sempre insípidos, amenos.

Onde estarão

Os dias quentes de paixão

As megadecepções

As grandes ilusões

Em meu coração ardidos?

Onde estarão

As primaveras floridas

Os verões tórridos

E os ásperos invernos

Em minh’alma outonada?

Onde estarão

Os doces sonhos juvenis

As grandes batalhas que travei

As ácidas críticas que sempre fiz

E que habitavam meu peito abrasado?

Onde estarei?

Quem serei: a foto antiga

Ou aquele do espelho?

Serei eu um velho jovem

Ou um jovem velho?

Ah, dúvidas!

Ah, incertezas!

Inebriais-me mais que o doce vinho

Que a generosa uva me dá.

Pena, dolorosa pena esta

... o efeito do vinho... passa.

Paulo Filipe
Enviado por Paulo Filipe em 11/01/2009
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