VIVENDO


Indo ou vindo
Não sei onde estou
Ou, até mesmo,
Quem sou
De onde vim
Pra onde vou

O que sou
No espaço e no tempo?
Não sei!
Nesse imenso vazio
A me procurar

Nas ruas
Uma multidão
De solidões
Perdidas nas incertas
Buscas de razões:
Querelas de identidade!

Nascidos nus
Nascidos sós
Carinhos de mãe
Pra compensar
O imenso vácuo
Que é o existir

Andando
Correndo
Dormindo
Comendo
Domingo
Brincando
Acordando
Pra vida
Sem saber
Que é de dor
Que ela é feita
De amor
No tempero
E calor
Do prazer
E no sexo
A se reproduzir
E continuar
Essa besteira
De acreditar
Que o amar
É o que dá
A razão
De viver:
- E AMO!
- E VIVO!

Vou vivendo
Sem saber
Sem procurar
Entender
Que valor
Tem saber
Que se existe
Pois que vive
Também
Esses grilos
Que sem grilos
No jardim
A perturbar
O sono das joaninhas
Das abelhas
Que sugam
A flor
Que se deixa
Beijar
E em troca
Esfrega o pólen
Pra se garantir
Inteligentemente
Trocando favores
Emprestando amores
E de alguma forma
Noutras flores
Continuar
VIVENDO.

Roberto Dourado
Enviado por Roberto Dourado em 11/01/2009
Reeditado em 18/01/2009
Código do texto: T1379061
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