Sem Voce
SEM VOCÊ
Sem você, sou rio temporário
Bastas vezes, seco e árido
Doutras, correnteza fugaz
Entre pedras, sempre pioneiro
Nem arredio, nem audaz...
Sem você, sou pássaro sertanejo
Cantador estóico e solitário
Desbravador do sertão em brasa
Tentando galgar o horizonte
Entre brancas nuvens de solidão...
Sem você, sou garimpo esgotado
Imerso em profundo abandono
Estampa fria carente de ilusão
Primando dia a dia pela saudade
Nas raias sofridas do coração...
Sem você, sou história sem façanha
Sem resquício de qualquer ventura
Vagando indefinido, sem destino certo
Buscando quem sabe, vida na morte
Num espasmo amargo de loucura...
Sem você, sou sombra fugidia
Enredada num pretérito risonho
Num devaneio de emoção
Presa numa silhueta de aço
Em forma de inóspito coração.