ESTÁTUA

Bem que eu quis

Navegar por todos os mares

Encontrar gente de todas as cores

E a todo mundo perguntar por ti

Para descobrir a tua direção

Eu fiquei no porto chamado solidão

Qual navio ancorado a te esperar

Olhei o céu em busca do teu mar

Que no horizonte do olhar submergiu

Quando chovia, as lágrimas de chuva

Encharcavam de vez minha esperança

Mas o teu vulto nunca mais surgiu

Por um longo tempo esperei sentada

Pois em pé cansei sem a tua chegada

E me integrei àquela paisagem

E continuei com o olhar perdido

Dentro de mim o coração partido

Insistindo naquela longa espera

Agora, olho-me e não me reconheço

Estou apática e imobilizada, sim

Sou a mistura de pedra sol e sal

Empedernida sou só soledade

Fui transformada em estátua viva

Uma sereia que foi esculpida

Pela espera de um amor sem fim

E tenho ainda o mesmo coração

Que pulsa forte apesar de ti

Na esperança de que algo aconteça...

Mas se vieres, quando me tocares

Hás de saber que já de lá parti

Tudo que fui eu deixei para trás

Pois se o amor morrer em nós

Será o fim e estaremos sós

Aprisionados em pedra para sempre

Até que a onda em seu bater constante

Desmorone em mim e eu viva novamente...

Vem, vem ser a água a me demolir

Para que eu volte à vida e volte a amar

Pois prometes, mas não te importaste

Não atravessaste o mar do desamor

Para de peito aberto me encontrar!