INSANIDADE

INSANIDADE

(Paulo Teodoro Oliveira)

Quem dera teus lábios noviços

Rejuvenescessem-me os anos morridos!

Quem dera cessar meu choro

Ao tragar o néctar em teus beijos,

Ah! Se pudesse arder-me

Em teus seios em brasa!

E no ápice dessa loucura

Ser forjado ao teu ponto.

Quisera em teu colo de fada...

Recostar meu rosto cadavérico!

Quisera sentir o calor do teu corpo

Na fúnebre geleira da minha alma,

E então dissolver-me num cálice sombrio...

E pelas frestas do teu sorriso

Penetrar as entranhas do teu ser imaculado!

E uma vez no avesso da tua existência

Crestar-me ao sol do teu paraíso,

Contar as estrelas em teu universo

E vagar no rarefeito dos teus espaços vazios.

E após gozar o egoísmo de que sou feito,

Voltar de ti numa explosão de prazer,

Navegar nas lágrimas dos teus olhos,

Respirar teus sussurros e gemidos...

Embrenhar-me nas trevas das tuas madeixas

E então roubar-lhe um pouco do brilho de lua.

Quem sabe a morte me chegue primeiro,

Ou talvez a poesia me tome por versos...

E me tenha por flecha,

Por cupido vagabundo,

Amante de mil devaneios.