Adeus cidade Natal!

ADEUS CIDADE NATAL!

Guardei um pouco de ti

Em uma infância sofrida

Minha inocência perdida

Na boca dos filhos teus.

Porém de nada tens culpa

O erro foi sempre meu.

Cresci sem dignidade

Desde a mais tenra idade

Enquanto todos saíam

Vivendo sua mocidade

Eu, um botãozinho em flor

Murchei em realidade.

Vivi meus tempos moleca

Pelo “Quadro” a cirandar

Troquei meu rótulo por tarja

Forçaram-me a acreditar.

Que o sonho de de uma jovem

Eu não mais ia sonhar.

Porém com muita ousadia

Fui vencendo em desafios

Alguns me arrebentavam

Em outros fui valentia.

Abandono e preconceito

Alguém me tirou minha alegria.

Rompia com os tabus

Que circulavam na época

Era franzina por fora

Por dentro sempre uma rosa

Pulando nas brasas quentes

Me arrastei qual uma foca.

Daqueles tempos até hoje

Sou queimada como a lenha

Dos meus carvões tiro forças

Pra clarear meu caminho

Dei nó em cipó bem verde

Da flor eu tirei espinhos.

Tenho quatro diamantes( filhos)

Gerei em minhas entranhas

Todos se orgulham da mãe

Que aqui, sou como estranha

Chamam-me mãe valorosa

Sinto gratidão tamanha.

Adeus Cidade Natal!

Que um dia me viu nascer

Saio da tua história

Nem mesmo entrei ao crescer

Deixo a “Ti: OH Cruz Singela”

Meu "berço" nunca encontrado.

Maria Goretti Albuquerque.