SOLIDÃO
Serão quantas todas elas
Donzelas que se comtêm
Tão sós às suas janelas
Tão belas e sem ninguém...
Quantas vivem em espera
Mas distantes permanecem
Se alimentam de quimeras
E de amar todas esquecem...
Por que andam recolhidas
Reprimidas em seus cantos
Sem que vivam suas vidas
E caídas em seus prantos...
Por que vivem tão sozinhas
Sem coragem pra se dar
Pois que sabem tanto amar
E o amor as avizinha...
Quantas são essas viventes
Que se fecham em caracóis
Dobradas em seus lençóis
E se acordam tão carentes...
Para que foram nascidas
Se pelo amor se fizeram
E que são tão merecidas
Como tantas que se deram...
Quantas vivem nesta hora
Sonhando com um alguém
Quanto amor que elas têm
Que se perde na demora...
O bardo em versos vem
E se aflita à perda tanta
Palpita e se desencanta
Porque só vive também.