ESCRAVO DO INFERNO

Oculto as palavras difíceis de dizer

numa lágrima de lama de uma dor,

que molha a flor murcha na raiz

do meu horizonte escravo da incerteza,

flutuando serpente envenenando os sonhos

ao largo do mar vazio,

que meus olhos castigados de lamento

inundam de solidão a minha vida.

Já há muito perdida nos espinhos

afiados do tempo derrotado pelo calendário

dos serões datados na insónia

em que me esqueci de morrer caminhando.

Bate um turbilhão melancólico

na tempestade do meu peito forasteiro,

em aventuras pesadelo pelas nuvens

de desgosto em chuvas ácidas de lembranças,

esquecidas que guardo dentro de um fogo apagado

em mim resto do que não fui na sobra

do que quero ser.

De amor partido pelo cinzento viril

que rasga a cortina dos dias negros,

somo horas paradas que sangram escuro

num grito áspero,

escrevendo-me na garganta sufocada

a ultima letra distorcida da palavra porquê,

ilegível sobre a lápide da esperança.

Engulo o olhar seco em direcção turba,

desfocando-me o ego até às grutas

do longe por satisfazer ainda,

tão distante de mim tudo

entre nada tão perto do fim encerrado

na meta do inferno onde espera

a minha espera...