demasiado

Foram cores demais

Foram riscos e

esboços demais

No colorido intrincado de sua maquiagem

Sua boca sangra

Seu olhos me recordam o céu perdido

da infância

A tua expressão vítrea

cristalina e branda

traz no bojo da alma

as nervuras do cotidiano,

As dúvidas paradoxais

Entre viver e morrer

A espada cruel a sentenciar os vencidos

O fogo da inquisição a queimar os ímpios

A guilhotina implacável a decepar cabeças,

Coroas, batinas e cortesãs

Versos bordados em sangue nas camisas dos

guerreiros

Foram cores demais que vi.

Foram acordes demais que ouvi...

E hoje as reticências são sinfonias inacabadas

São sugestões imaginadas

Que a palavra não ousa dizer

Que o gesto não ousa admitir

Que o corpo não admite ceder

Quem me dera ter medo do escuro.

Ser criança de novo e percorrer

aquele corredor frio e imenso

E ter mão prestes a tatear o possível...

Tudo hoje é tão impossível

Meus pensamento fenecem como os orvalhos da manhã

Meus sonhos apodreceram a espera do amanhã

Meu amor seguiu um rumo inesperado

E entrou no retorno das ilusões.

Foram cores demais.

Foram vidas demais

A encharcar lenços,

lençóis ,

roupas e panos.

A impregnar de minha presença

em tudo,

nos móveis,

nos quadros,

nos versos e

no avesso do

silêncio poético.

Foi demasiado

Esvaziou-me de emoções

E agora, só me restam as mágoas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/12/2008
Código do texto: T1314232
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