Ao preceder do inverno (Debaixo da ponte)

Quanto mais eu soube de escarpas,

Menos passei a temê-las e mais me tornei

Ocioso alpinista indiferente a elas.

Desvivi obsoleto, ancorado em sua pedra,

Catingando meu suor insípido

De coisa lavada sem precisão.

Minha boca exalava sopros de inverno

Contra a completa paisagem de primavera dos jardins.

_E o tempo é total ignorância da dor!

Gansos se lançam de costas para o norte

E eu varejo emoções dormidas

Quando o mundo principia

A fazer silêncio para grilos e sapos.

Anulei, aniquilei ilusões que motivariam

E trucidei uma formiga que fazia serão,

Sem me perder em abstrações

Sobre o porquê de este inseto ser

Tão cheio de vida, se não tinha noção de sê-lo.

Pensar me doía mais que incomodava

E eu pressenti isso sem pensar.

Tombei o queixo sobre o peito

E as pernas estendidas ao desdeixo

Permitiram-se serem cordilheiras

Para aventureiros insetos noturnos.

Daí a pouco, o sol abriria

Seu bornal de lava amarela.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 28/11/2008
Reeditado em 28/11/2008
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