Ao preceder do inverno (Debaixo da ponte)
Quanto mais eu soube de escarpas,
Menos passei a temê-las e mais me tornei
Ocioso alpinista indiferente a elas.
Desvivi obsoleto, ancorado em sua pedra,
Catingando meu suor insípido
De coisa lavada sem precisão.
Minha boca exalava sopros de inverno
Contra a completa paisagem de primavera dos jardins.
_E o tempo é total ignorância da dor!
Gansos se lançam de costas para o norte
E eu varejo emoções dormidas
Quando o mundo principia
A fazer silêncio para grilos e sapos.
Anulei, aniquilei ilusões que motivariam
E trucidei uma formiga que fazia serão,
Sem me perder em abstrações
Sobre o porquê de este inseto ser
Tão cheio de vida, se não tinha noção de sê-lo.
Pensar me doía mais que incomodava
E eu pressenti isso sem pensar.
Tombei o queixo sobre o peito
E as pernas estendidas ao desdeixo
Permitiram-se serem cordilheiras
Para aventureiros insetos noturnos.
Daí a pouco, o sol abriria
Seu bornal de lava amarela.