Quarto
O cômodo inteiro cheira a incenso
A minha cama cheira à solidão
Vivo na lenta insistência do tempo
Sem paciência e sem disposição.
Não entra luz pelo vão da janela
Todo este amor é uma fixação
Queria ter um pouco mais de cautela
Saber controlar a minha respiração.
Sinto saudade daquela esperança
O meu travesseiro já está no chão
Junto ao meu choro bobo de criança
Junto ao meu corpo em cicatrização.
Só me restam as paredes caladas
E as madrugadas de incabível ilusão
Tenho duas portas friamente trancadas
A do meu quarto e a do meu coração.