ATO UNITÁRIO

Sua repugnância

Se ria de cócegas

Na sola dos pés,

Com uma pena

Macia o bonito

Jovem a fantasiava

Em gargalhadas.

Ela estava inquieta,

Ele estouvado,

Mas em gostosos

Sorrisos se fatigavam.

Afastando-se da cama

Fugia para o canto do quarto,

E longe do ninho

Mordia seus lábios,

Apoderava-se dele

Com olhares

De cárceres profundos,

Era prisioneiro dos desejos dela.

Ela se fazia Reverendíssima,

Uma senhora digna

Da admiração;

De seus amantes...

Provocava nele

Seus delírios

Como defuntos macilentos

E ébrios malditos

Com sustos repentinos

E açoites de paixão

Aproveitava seu querer

Louco e ingrato,

Ficava apenas a insinuar-se

Porque era sóbria demais

Para se deleitar com sua própria arrogância.

Daiane Durães
Enviado por Daiane Durães em 22/11/2008
Código do texto: T1297608