ATO UNITÁRIO
Sua repugnância
Se ria de cócegas
Na sola dos pés,
Com uma pena
Macia o bonito
Jovem a fantasiava
Em gargalhadas.
Ela estava inquieta,
Ele estouvado,
Mas em gostosos
Sorrisos se fatigavam.
Afastando-se da cama
Fugia para o canto do quarto,
E longe do ninho
Mordia seus lábios,
Apoderava-se dele
Com olhares
De cárceres profundos,
Era prisioneiro dos desejos dela.
Ela se fazia Reverendíssima,
Uma senhora digna
Da admiração;
De seus amantes...
Provocava nele
Seus delírios
Como defuntos macilentos
E ébrios malditos
Com sustos repentinos
E açoites de paixão
Aproveitava seu querer
Louco e ingrato,
Ficava apenas a insinuar-se
Porque era sóbria demais
Para se deleitar com sua própria arrogância.