Poema íntimo

Existem muitos versos em minha mente

Muitos pensamentos permeiam a minha cabeça

Ouço a voz da minha solidão e atento a ela

Há uma multidão e um deserto em mim

Existem palavras que eu queria formar

Existem regras que eu gostaria de desfazer

Há um poema lindo em meu interior

Indecifrável, inatingível, incognoscível

Há tanto e há nada...

Apenas meu íntimo compreende

É como tomar banho de cachoeria

Andar descalço na praia, sentir um cafuné

Como pular ondas, tomar banho de chuva

Como comer o docinho da vovó escondido

Como fazer amor com quem você ama de verdade

Há um poema no meu interior cheio de mistérios

Que transborda encantamento, doçuras e delícias

Há mais em mim... há muito mais sonhos...

Nesse meu íntimo poema há um infinidade de coisas

Tem água, calor, frescor, paz, luz, arco-íris

Tem uma criança feliz pulando corda

Tem uma cadelinha vira-lata faminta

Morrendo de fome, ela quer comer

Ela só quer uma migalha de pão

E um pouco de carinho, um abrigo

Há um poema no meu interior

Onde é noite o tempo inteiro

Onde o céu é sempre estrelado

E as estrelas desse céu dançam

Como se estivessem em uma festa

Há também um dia iluminado e quente

Onde só a primavera é estação constante

E o sol nunca se vai e as flores nunca morrem

Há mais... há um poema sem fim em meu íntimo

Não sei dizer, não sei se devo tentar dizer

Não sei se ele quer ser desvendado

Não tem forma, não é intelectualizado

Não se compraz em elogios

É como um cabloco da roça que aprende a amar

E não sabe dizer, não sabe se expressar mas ele sente,

Dentro dele ele entende... meu poema é como um índio

que não quer se "civilizar" como uma semente que quer germinar

Esse poema é só meu

Ninguém nunca vai saber como ele é

Não exatamente, só eu sei, ele é só meu

Somente o meu íntimo, meu interior o possui

Posso sentí-lo e isso me basta

Simoni Maranhão
Enviado por Simoni Maranhão em 20/11/2008
Reeditado em 24/11/2008
Código do texto: T1293287
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