SÓ
As sombras dessa noite me deprimem,
mas não falo pras paredes do meu medo.
Guardo firme em mim mesmo esse segredo:
a solidão, as dores que me oprimem.
No céu a lua vaga, sem destino,
eu olho a face clara da janela...
quisera ir ao céu contar pra ela:
do meu sonho que acabou em desatino.
Quisera ir além desse desejo,
guardado tão fechado, tão seguro.
Sozinho e triste nesse quarto escuro
Quem dera! Ter o brilho, que não vejo.
E chega a madrugada solitária,
meu corpo cansa e vem a sucumbir,
meus olhos secos teimam em dormir...
mergulho numa paz imaginária.
É só assim, no sono que alcanço:
aquele doce amor antes vivido,
em sonho volta o tudo já perdido...
nos braços da saudade é que descanso!