TENHO ANDADO MAIS SOZINHO
Tenho andado mais sozinho
Ouvindo passos de tamanco
Negando o chamar dos flancos
Coçando o próprio focinho
Tenho andado demais comovido
Pondo desculpas em meus erros
Lamentando os destemperos
Mantendo o pensamento dormido
Tenho andado mais "gente"
Chorando mais na cama
Pingando mais chuva na lama
Doando mais moeda a indigente
Tem andado mais comigo
Apalpando a mão em mim
Cansando os bolsos do velho brim
Testando-me o que consigo
Tenho andado mais birrento
Guardando paus e pedras
Recusando muitas regras
Mal-dizendo até o vento
Tendo andado pr'a lá de ateu
Duvidando de todo santo
Ignorando o pior quebranto
Navegando o próprio breu
Tenho andado mesmo amargurado
Por causa desta vida estúpida
Bocas nos cigarros, em volúpia
E as cinzas, cinzeiro ao lado