Silêncio em uma tela
Quando as luzes se apagam
só o silêncio se escuta
as sombras é que labutam
esqueirando-se nos becos
a escuridão é companheira
o dia se foi
saudade derradeira do sol da manhã.
O cigarro ora asceso
baila por entre os dedos
se foram todos os pesos,abateram-se inda os mêdos.
É o som da noite,muito lento,a brisa suave que corta
o grito agudo da coruja,quadro de natureza morta
a porta da sala um tanto suja.
O carro que passa,leva alguém
na escuridão...uma massa,é ninguém
Não tem nome,cor ou sexo,talvez um pouco de fome.
É silêncio!Agora pesado!
Passam-se as horas com gosto de pecado,com peso de toras.
E o pensamento vaga dolente por estrelas
que se agitam no céu escuro,docemente
brilhos púrpuros que gritam.
Assustados animais andam pelas calçadas sem rumo e sem dono
Ouço pesadas passadas,ainda não veio o sono.
Sussurros e gemidos,toques e ruidos,silêncio com tantos rugidos
barulhos da noite escura,confidente,amiga e companheira
Sinceridade tão pura,amizade derradeira.
Nesta noite longa e bela,seremos ainda eu e ela...
Uma só
Um só silêncio na tela.