O mundo

Ardo em dias de neve pálida

e um consolo desfigurado rompe canais de lágrima

era uma vez um sonho

barcos em rios profundos

corpos descansando em serenatas

eu te amo

com todas as forças de um rosto calado,

dias assim

rubros e ensolarados

divertem mais que entediam

ver as crianças dançando

as vidas recolocando-se em lugares vários

eu sou apenas um

na multidão inimaginada

percorro salas de desencontro kafkiano

mesmo assim

um sorriso é possível

nas sarjetas e vielas

num canto onde seja apenas eu

e mais ninguém.