DORMES

Por que dormes sozinho?

Não vê teu ninho cansado

Tua gruta de pedras caindo

Teu sereno virando mormaço.

Os silêncios recobrem quentes

Teu vazio morto e solitário

E tuas noites são exigentes

De instantes sóbrios e maculados.

E tu dormes sozinho? Por quê?

Já não bastam para ti os prazeres

Proporcionados no êxtase da carne

Todos os gritos e maus dizeres

Que explodem em uma imagem.

Já não é mais suficiente a doce

Dor da ilusão profunda e poente

Descente ao gume da foice

Impetuosa e inconseqüente?

E os teus medos de presos?

E tua fome de espada?

Onde está aquele típico brilhantismo

Um dia por ti bradada?

Teus ópios estão envergonhados,

Antes dormias por cansaço

Hoje teu objetivo é te privar

Do mundo, é por isso que dormes?

Sozinho!