Deserto

Cacei borboletas no deserto
E nem um oásis havia
Era só a pretensão de fazê-lo
Sem a pretensão do sucesso

Era como um pugilista
a lutar contra o espelho

Se arrebatasse contra si mesmo
Se olharia aos pedaços
Não saberia se venceu ou perdeu
Pois não haveria vitória ou derrota

Se tentasse simplesmente se esquivar
Perceberia que não se pode “auto-esquivar”

As rosas que roubei do meu próprio jardim
Não têm ninguém a cheirá-las

Borboletas, encontros, batalhas
Colher a rosa ou deixar que despetale?

São só trilhas, esboços, retratos
se apagam, se perdem, desbotam
São a vida empanada no ócio