cacos de poesia

Vou catar a poesia

Em forma de sol

nascente

Esticado em pleno horizonte infinito

Será a poesia infinita?

O calor de seus raios

Acariciam os icebergs

E os desertos

A cor de seus raios

Glorificam todas as formas de vida

Do inseto ao humano

Vou sair e catar lá fora

Toda a poesia dispersa em forma

De vento, de folha e de desvão...

E reunindo todos os seus caquinhos

Montarei o mosaico enigmático

Das frases perdidas

Dos fonemas náufragos

Na saliva diária dos trovadores

Vou catar toda a poesia,

Numa rede fina e transversa

Numa esgueira perversa

Numa ribeira sem abismos...

E, com cola diária da paciência

Vou tolerar as imperfeições de nascença

Os sinais, as rugas e verrugas

Penduradas por um corpo

Por um fio,

Por um triz.

Há uma dispersão imensa lá fora...

E a poesia se frutifica

Como pólen espalhado impunemente

pelos pássaros

Ícaro sonhou até Dédalo

E derretidas suas asas,

sucumbiu diante de sua paixão ao sol...

O sol o hipnotizou...

E assim solarado

Encharcado de pó e poesia

Numa cíclica medonha

Construímos e desconstruímos...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/10/2008
Código do texto: T1232590
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