Outra parte
Eu,
feito a mim,
e este outro eu,
que eu mesmo
não conheço;
também sou fragmento
desses versos.
Feito essas margens
que não conseguem
prender na folha,
o próprio verso;
feito este vento
que beija, todo o tempo,
meu rosto,
do lado esquerdo,
e que corre de mim.
Pelas ruas,
eu, do início ao fim,
sofro.
E ando pela lua,
querendo encontrar
este outro,
que me acompanha
num poema e noutro,
me rende, me ganha;
faz de mim,
a estrofe menos importante.
Racha meu espelho ao meio
seduz o amante;
por amar pequeno, indefeso;
outra parte é solidão.
E Se apoça de tudo o que escrevo.
(Edmilson Cunha)