Noite
Corro vazio,
pelos silêncios absurdos
Do meu egoísmo.
Quando não vem o sono,
Nestas noites de outubro.
Feito rosas mortas
enquanto o poema não vem,
choram minhas mãos
feito um castigo;
faço deste verso
O algoz da alma,
que alivia o sono;
E me dá abrigo.
Simultâneos,
o olhar do amigo,
O inimigo.
Na madrugada,
Para dois,
Uma taça de vinho;
Estranho, ilude ainda,
Nada cruza o meu caminho.
Mutante, "siber",
Corro disparado pelas ruas;
choro por todas as cidades;
E os carros,
apenas atropelam a dor que eu sinto;
Como um vampiro, de preto,
No meio da música ,
crio personagens, que não dizem nada.
Escrevo triste.
Por todas as paredes
Desenho rostos,
Sem retratos;
Neste momento,
Há outras solidões no meu quarto.
Moro no meio destes versos;
Morro sem ver o inverso:
Meu perfume, é meu pior costume,
A noite,
Meu maior deserto.
(Edmilson Cunha)