Passos da Chuva

Silvânia Mendonça Almeida Margarida

14 de novembro de 2001 às 11hs25minutos

Quando a chuva começa

e o vento fino aumenta

E se encarrega de espalhar

Folhas diversas no chão

Escuto os passos da chuva

A cantar e cantar

Quando a chuva espuma

As escadas das fazendas

As fazendas das estradas

Lavra e lava o campo

Brinca na calçada

Nos tempos felizes dos meninos

Escuto os passos da chuva a cantar

Quando a chuva goteja

Minúscula e fininha

E bate de leve

Nos quintais

Lá dentro, a casa limpa

Lá dentro, a mesa posta

Lá dentro, a lareira aquece

cada coisa em seu lugar

Passos da chuva a cantar

Quando a chuva perdura

O tempo se aproxima

Há grande nostalgia

Que roda melancolia

Escuto silenciosamente

A chuva a cantar

Quando a chuva aumenta

O mundo é grande

Confunde-se e se encontra contido

no breve espaço da janela

escondido pelas vidraças molhadas

E as cortinas úmidas, coloridas

Eliminam as trevas da aragem fria

Clamando as nuvens leves

à primeira janela solar

E a chuva

Seus chuviscos

Suas goteiras

Suas gotículas

Seus preâmbulos

Seus cantos

Seus passos

Vão e vêm

naturais, florindo em canção

Ao pesar dos contentamentos

em secretos calendários

a chuva passa, passa a cantar

No entanto

no apelo da eternidade

só quem chove em olhos

escuta os passos da chuva

e vê o brilho do sol!

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 21/09/2008
Código do texto: T1190038
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.