Passos da Chuva
Silvânia Mendonça Almeida Margarida
14 de novembro de 2001 às 11hs25minutos
Quando a chuva começa
e o vento fino aumenta
E se encarrega de espalhar
Folhas diversas no chão
Escuto os passos da chuva
A cantar e cantar
Quando a chuva espuma
As escadas das fazendas
As fazendas das estradas
Lavra e lava o campo
Brinca na calçada
Nos tempos felizes dos meninos
Escuto os passos da chuva a cantar
Quando a chuva goteja
Minúscula e fininha
E bate de leve
Nos quintais
Lá dentro, a casa limpa
Lá dentro, a mesa posta
Lá dentro, a lareira aquece
cada coisa em seu lugar
Passos da chuva a cantar
Quando a chuva perdura
O tempo se aproxima
Há grande nostalgia
Que roda melancolia
Escuto silenciosamente
A chuva a cantar
Quando a chuva aumenta
O mundo é grande
Confunde-se e se encontra contido
no breve espaço da janela
escondido pelas vidraças molhadas
E as cortinas úmidas, coloridas
Eliminam as trevas da aragem fria
Clamando as nuvens leves
à primeira janela solar
E a chuva
Seus chuviscos
Suas goteiras
Suas gotículas
Seus preâmbulos
Seus cantos
Seus passos
Vão e vêm
naturais, florindo em canção
Ao pesar dos contentamentos
em secretos calendários
a chuva passa, passa a cantar
No entanto
no apelo da eternidade
só quem chove em olhos
escuta os passos da chuva
e vê o brilho do sol!