ALADO
Lago escuro, fundo, seco.
Vento varrendo sombras doloridas, negras.
Só.
De uma nuvem estranha, gotejam fragmentos de luz.
Ânimo.
Pássaro de asas brancas dança à minha volta.
Cabeça de ouro, varrida pelo vento.
Pouso leve a meu lado.
Lago azul, calmo, silencioso.
Vento refrescante, cantante, animador.
Amigo.
Raio ensurdecedor enraivece o lago.
No ofuscar de prata desce alado o negro.
Pouso duro, arrasador.
Mergulham no lago fragmentos de luz.
Geometricamente decolam asas brancas.
Lago escuro, fundo, seco.
Novamente só...
Escrito em 13/08/1976